COM 4,683 MILHÕES DE VOTOS (63,4%), O ‘BAIXINHO’ ESTÁ CHEIO DE MORAL
Romário está prestes a defender no 2.º
turno, à sua maneira, o voto que um movimento dissidente do PMDB tenta
emplacar desde o início da campanha: Aécio Neves para presidente e Luiz
Fernando Pezão para o governo do Rio de Janeiro.
Eleito para o Senado com 4,683 milhões
de votos (63,4% dos válidos), o ex-jogador e deputado em primeiro
mandato deve se reunir nesta quinta-feira, 9, com o candidato do PSDB ao
Planalto. Ele diz que são grandes as chances de apoiá-lo na disputa
contra a presidente Dilma Rousseff (PT), de quem tem sido crítico
ferrenho.
“Como deputado, tenho algumas bandeiras.
Se Aécio se comprometer com elas, existe grande chance de fazer essa
parceria”, disse o futuro senador, que se tornou um cabo eleitoral
cobiçado depois do bom desempenho nas urnas. “Tenho consciência do peso
que pode ter meu apoio”, disse.
Romário citou os temas que levará ao
tucano. “É importante que Aécio se comprometa com uma política diferente
e efetiva para as pessoas com deficiência e doenças raras, com a
construção de centros de diagnóstico e tratamento, que apresente
propostas para melhorias no esporte e para o combate às drogas, ao
crack, com atenção especial aos dependentes. Se não acontecer, vou ficar
neutro. É praticamente impossível eu apoiar a presidente Dilma, pela
minha atuação contra o governo.”
Romário também foi procurado por Pezão,
governador do PMDB que disputa a reeleição no 2.º turno com o senador
Marcelo Crivella (PRB). “Vou me encontrar com Pezão, levar as mesmas
bandeiras e ouvir o que ele tem a dizer”, declarou o senador eleito.
“Com Crivella ainda não conversei”, afirmou.
Estudo
O ex-craque promete estudar os assuntos
espinhosos que o esperam no Senado, como reformas política e tributária.
“A convivência no Senado vai me trazer experiência”, afirmou Romário,
pai de seis filhos, entre eles Ivy, de 9 anos, que tem Síndrome de Down e
o Baixinho diz ter sido sua inspiração para entrar na política.
“O Senado é uma casa de senhores. Vou
encontrar ex-presidentes, ex-governadores, empresários riquíssimos. Para
mim, um cara que nasceu na favela e chega aonde cheguei, é muito
emocionante e importante para minha vida política. Estou preparado, a
falta de experiência existe, mas também existia quando fui eleito
deputado e aprendi muito”, reconhece.
Questionado sobre propostas que pretende
apresentar para temas como dívida dos Estados e royalties do petróleo,
Romário respondeu que vai tratar de cada assunto com sua equipe. “Tem
também casamento gay, redução da maioridade penal. Vou me preparar e,
quando chegar à discussão, já serei conhecedor de cada tema”, prometeu.
Romário disse que aceita discutir a
proposta de redução da maioridade penal, nos casos de crimes hediondos,
se houver uma mudança profunda na estrutura do acolhimento aos jovens
infratores e no sistema educacional. “Não posso aceitar esse massacre
dos jovens negros da favela, até porque sou da favela e sou negro”.
Perguntado sobre a autonomia formal do
Banco Central, que gerou acaloradas discussões no 1.º turno ao ser
defendida por Marina Silva, de seu partido, Romário demonstra que ainda
precisa de treino. “Vou me preparar muito bem para debater isso.”
Embora descarte deixar o PSB, Romário
tem reclamado do partido. “Minha relação com o PSB é muito ruim. Sou
deputado, fui eleito senador com quase 4,7 milhões de votos e não tenho
uma cadeira na executiva municipal, estadual, muito menos nacional. O
PSB não me vê como uma pessoa importante. E olha que, depois da Marina
Silva, fui o político do PSB com mais votos no País.”
Dois anos depois de eleito deputado,
Romário tentou sem sucesso ser candidato a prefeito do Rio pelo PSB. Não
abandou o projeto, embora evite falar se pretende se candidatar em 2016
ou 2020. “Quando fui eleito deputado, queria cumprir o mandato. No
meio, entendi que seria interessante ser candidato a prefeito, mas não
foi possível. Hoje, tenho pretensão de cumprir os oito anos de mandato
como senador. A política é dinâmica.” (Luciana Nunes Leal, AE)

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